Carlos Castanheira

Revigrés Offices . Barrô


Carlos Castanheira . photos: © Fernando Guerra I FG+SG

Almost every project begins with a site visit.
For the architect, almost always, the site is a piece of land, or else an interior. On this occasion it is an interior which also is an exterior. The new Revigrés offices have very clear parameters set out by their future users: proximity to the new production area, functionality, sustainability and if possible identity and harmony.





















© Carlos Castanheira

© Carlos Castanheira

© Carlos Castanheira







CONTAINERS MADE IN WOOD
Initially I thought that proximity was necessary in relation to the production line, but in a building that would be separate to the other pavilions of Unit 2, and so, I saw these parameters as having a different weight and interpretation.
At the site visit, I was surprised by the necessity and intention of making the new building within an existing one. Surprised, somewhat perplexed, pleased with the challenge that spices up our professional role, amazed by the complexity and automation of the production chain and by the constant construction and transformation of the equipment and technology.
Here and there, were some slightly odd, makeshift materials that clashed with the high-tech nature of the equipment, the production process and the materials produced, which in a certain way conceal the chemistry and the mechanics of this process of transforming matter.
A very large box that must have been used to safely transport some piece of equipment, now waited to be moved along and to be transformed into something new, something made possible by the material itself and by the ingenuity of the people who master these new technologies. Containers that are designed and made to measure, used and then later, are re-used within a logic of functionality and responsible sustainability.

The new offices for Revigrés are located inside Unit 2, at its southern end; they will be nothing more than containers, large boxes where people will work, but, not without some exposure to the heat and noise inherent in the production of ceramics.
As happens with the customized boxes for transporting particular pieces, it was necessary to interpret the particular needs and requirements of the clients and users, the technical parameters, deadlines and economy in relation to expenditure and means.
As the project progressed, there was a shared desire to create something that would be sustainable. As is often the case in this type of process, some values become banal and some words become vulgarized; sustainability losses its noble character and becomes a buzz word used as a label likewise for things that are good and for things that are mediocre.
This project is sustainable because there is a strong will to be sustainable and because, this willingness itself is sustained by reasons which are beyond those of mere necessity.
The containers have a softwood structure; the walls, floors and ceilings are made out of chipboard panels. The thermal and acoustic insulation is provided by black expanded cork agglomerate. The floors and walls of the sanitary installations are clad in ceramic tiles.
Simple containers in timber and glass, embodying the intentions of the people who commissioned them, the people who worked the timber and made up the frames and the people who designed them so that they could accommodate people and goods in harmony with the environment, while satisfying the requirements of productivity. So, the materials for making the box become the materials for the finishes and for comfort.
In a hopefully distant future, these containers can be transformed into other containers, boxes and crates, in a logic of sustainability that the human mind will forever be capable of re-inventing.

Carlos Castanheira
November 2012

Projeto:
Escritórios Revigrés
Arquitectura:
Carlos Castanheira
Carlos Castanheira e Clara Bastai, Arqtos Lda.
Colaboração:
José Carlos Soares
Joana Catarino
Carolina Leite
Local:
Revigrés - Unidade 2
Barrô - Águeda
Portugal
Ano:
2012-2013
Cliente:
Revigrés
Estruturas:
HDP, Gabinete de serviços e projectos de engenharia civil, Lda.
Eléctrico:
Igemaci Engenharia S.A.
Carpintaria:
Henriques e Rodrigues Lda.
AVAC:
Ar Puro Lda.
Electricidade e Drenagens:
Electro Clara Lda.
Fotografia:
Fernando Guerra I FG+SG I ultimasreportagens.com

CONTENTORES EM MADEIRA
Iniciar um trabalho começa, quase sempre, por uma visita ao local.
Para um arquiteto, quase sempre, o local é um terreno, outras vezes um interior. Desta vez um interior que também é um exterior.
Os novos gabinetes da Revigrés têm premissas muito claras e definidas por quem os vai utilizar: proximidade da nova área de produção, funcionalidade, sustentabilidade e, se possível, identidade e harmonia.
No início pensei que a proximidade seria com a produção, mas em edifício autónomo em relação aos pavilhões da Unidade 2, e, por consequência, que todas as premissas tinham um valor e interpretação diferentes.
A visita ao local surpreendeu-me pela necessidade e vontade de construir um edifício dentro do existente.
Surpresa, alguma perplexidade, agrado pelo desafio que nos condimenta a profissão, espanto pela complexidade e automatização da cadeia produtiva e a constante montagem e transformação de equipamentos e tecnologias.
Aqui e ali havia materiais algo dissonantes, provisórios, que contrastavam com a alta tecnologia dos equipamentos, do processo produtivo e dos materiais produzidos que, de algum modo, escondem a química e a mecânica deste processo de transformar matéria.
Um caixote de grandes dimensões que terá, certamente, albergado alguma peça e garantido o seu transporte, aguardava a sua remoção e a sua transformação em algo diferente permitido pelo material e engendrado pelo engenho de quem domina estas novas tecnologias.
Contentores pensados, à medida, utilizados e posteriormente reutilizados numa lógica de funcionalidade e de sustentabilidade responsável.
Os novos gabinetes da Revigrés, localizados no interior da Unidade 2, e no extremo sul, nada mais serão do que contentores, caixas de grandes dimensões, onde se irá trabalhar, não sem alguma adversidade térmica e sonora inerente à produção de material cerâmico.

Como acontece com os caixotes de transporte de peças, foi necessário interpretar as necessidades e exigências dos clientes e utilizadores, as condições técnicas, prazos e economia de custos e bens.
No desenvolvimento do projeto, a vontade de se fazer algo sustentável era mútua.
Como é comum nestes processos, alguns valores banalizam-se e algumas palavras tornam-se palavrões; a sustentabilidade perde a sua nobreza e torna-se chavão para rotular tanto o bom como o medíocre.
Este caso é sustentável porque a vontade de o fazer é muita e está, ela própria, sustentada em razões que estão para além da mera necessidade.
Os contentores têm uma estrutura de madeira de casquinha; as paredes, pavimentos e tectos são feitos em painéis de aglomerado de madeira. O isolamento térmico e acústico é de aglomerado negro de cortiça expandida. Os pavimentos e paredes das áreas das instalações sanitárias são revestidos com material cerâmico.
Simples contentores em madeira e vidro albergam a vontade dos que os mandaram fazer, dos que afagaram as madeiras e as encaixotaram, dos que os riscaram para que possam conter pessoas e bens em harmonia com o ambiente e obedecendo às exigências da produtividade. Os materiais de encaixotamento tornam-se, assim, materiais de acabamento e conforto.
Num amanhã que, esperamos, seja longínquo, poderão ser transformados noutros contentores, caixas e caixinhas, numa lógica de sustentabilidade que a mente humana será sempre capaz de reinventar.
Novembro de 2012


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